terça-feira, outubro 06, 2015

Nómadas do mar – representações pictográficas na praia de Paço de Arcos

Ao longo do sec. XIX e durante alguns meses da pesca, grande parte das povoações marítimas do norte de Portugal (Ílhavo, Murtosa, Ovar e Estarreja, que constituíam os varinos e os avieiros originários da Vieira de Leiria) percorriam essa costa até ao estuário do Tejo, aqui fixando-se por temporadas mais ou menos prolongadas.

Muitos subiram o rio vivendo nos próprios barcos ou instalando-se em povoações junto à borda-d’água, naquilo que seria terra de ninguém já que de vez enquanto era reclamada pelo rio.
Outros fixavam-se nas praias da Costa da Caparica e desde a torre de Belém até Paço de Arcos, paragens onde se podiam encontrar homens e mulheres destas tribos nómadas, que constituíam um tipo individual no nosso país.
Família de pescadores em Pedrouços - Marianne Baillie
Mulher de pescador de Paço de Arcos - Marianne Baillie
Marianne Baillie, uma jovem inglesa que residiu em Portugal entre 1821 e 1823, no seu álbum Costumes in Portugal: 1821-1823, deixou dois desenhos legendados retratando uma mulher e uma família de pescadores em Paço de Arcos e Pedrouços.
Pescadores de Ílhavo em Lisboa - Th. J. da Annunciação
Justamente na praia de Paço de Arcos, subjacente à velha igreja da Boa Viagem, Th. J. da Annunciação captou esta imagem, reproduzida em gravura por Pedroso, retratando dois ílhavos, cuja mulher destapa levemente a canastra onde dorme o seu pequeno rebento. (Archivo pittoresco, Volume 3, 1860).
Pescadores de Ílhavo – Coleção Palhares

Através da comparação com o quadro de Th. J. da Annunciação e a gravura de Pescadores de ílhavo da Coleção Palhares, podemos aferir que figuras retratadas por Marianne Baillie possuem a mesma origem, os varinos, primórdios da população de pescadores que se desenvolveu em Paço de Arcos.

Outros artigos relacionados: Os Avieiros; O Povo daBorda-d'água;

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