quinta-feira, outubro 29, 2015

Saiote (Saia de dentro ou Saia exterior em ocasiões festivas) – Trás-os-Montes

O saiote constituía uma das peças do trajar da mulher de Trás-os-Montes. É diferente do que geralmente se conhece como saiote, ou seja uma saia branca interior de linho ou algodão. A essa peça dá-se o nome em Trás-os-Montes de “Enágua” que é uma saia interior branca, de linho, ou então a parte baixa das camisas de linho femininas que antigamente chegavam ao joelho ou inclusive mais abaixo.
O saiote propriamente dito é uma saia igual à saia exterior, a diferença está em que o dito saiote era sempre de cores garridas (vermelho, azul, verde, amarelo, laranja etc..) e costumava ser exibido como saia de fora pelas raparigas jovens principalmente em ocasiões festivas.
De lã grossa, costumava ser feito de baeta ou burel tingido em casa e era engalanado, quando servia para um dia de festa, com fitas de veludo, saragoça preta picada (picado) ou bordados de lã.
Era usada todo o ano, fosse inverno ou verão e uma das suas funções seria a de realçar e aumentar as ancas femininas, padrão de beleza na época. Uma mulher com posses usava além da enágua um, dois ou até mais saiotes de lã. Por cima destes a saia de fora, de saragoça, estamenha ou burel geralmente de cores mais escuras (preto ou roxo).
 
Fonte: Rui Magalhães

Outros artigos relacionados:

domingo, outubro 25, 2015

CAPUCHA DE CASTRO D’AIRE – BEIRA ALTA

Já neste blog publiquei alguns artigos sobre a capucha. Trata-se de uma peça de vestuário para agasalho usada tanto por mulheres como por homens das serranias deste a Beira Baixa a Trás-os-Montes e Minho.
Recentemente juntei à minha coleção esta capucha oriunda das fragas da Serra de Montemuro, concretamente do concelho de Castro D’Aire (atualmente escreve-se Castro Daire), confecionada em burel no início do sec. XX.
Trata-se de uma peça robusta, usada e muito, sendo visível o desgaste da sua utilização recorrente nas tarefas do dia-a-dia, a que se soma a idade e exposição aos elementos a que esteve sujeita. É precisamente essa robustez que lhe conferiu a longevidade e permitiu que chegasse aos nossos dias.
A diferença desta capucha as demais existentes na região é o capelo de forma triangular (p.ex. o da Serra do Caramulo é circular). Neste caso o desgaste do habitual transporte de cargas à cabeça provocou um orifício de cerca de 3 cm de diâmetro, no entanto, para prolongar a vida da capucha, a proprietária cozeu à mão um pedaço de burel do avesso do capelo.
Ficam de seguida as imagens, que valem mais que mil palavras.



Capelo do avesso

Dimensões da capucha

Dimensões do capelo
Outros artigos relacionados:
Capucha do Caramulo; A Capucha; Capucha – Beira Interior; BeiraInterior; Costumes do Minho: Mulher de Castro Laboreiro e o Jangadeiro;

sábado, outubro 17, 2015

Traje de trabalho da Nazaré

A pesquisa e reconstituição dos nossos trajes regionais é uma atividade que tem cativado cada vez mais pessoas, muitos deles jovens.

É o trabalho de um destes jovens que aqui mostro.
João Pedro Guardado, um jovem nazareno de 22 anos, tem o prazer de não só recolher peças antigas como também de recriar velhos modelos.

As imagens seguintes recriam um trajo de trabalho feminino nazareno, misturado peças originais com recriações numa simbiose perfeita e de elevado interesse etnográfico.
Bem hajas João Pedro!







sexta-feira, outubro 09, 2015

MORANGEIRAS NO MERCADO DO PORTO

Enaltecendo as esbeltas e airosas mulheres do Minho que vendiam os famosos morangos do Porto, o semanário ilustrado Archivo Pittoresco (1857-1868), em 1861, publica um artigo em que faz diversas alusões à riqueza do trajar das mulheres dessa região.

Considerando as características do texto, preferi publicá-lo na sua forma original, já que ao transcreve-lo para português atual iria perder certamente muita da sua informação.

A imagem é baseada num desenho de Nogueira da Silva

quarta-feira, outubro 07, 2015

PEIXE ÀS DUAS de Fernando Ybarra





PEIXE ÁS DUAS do Nazareno Fernando Ybarra
Pequeno sketch teatral levado à cena pelo Grupo Etnográfico de Danças e Cantares da Nazaré no Centro Cultural da Nazaré

terça-feira, outubro 06, 2015

Nómadas do mar – representações pictográficas na praia de Paço de Arcos

Ao longo do sec. XIX e durante alguns meses da pesca, grande parte das povoações marítimas do norte de Portugal (Ílhavo, Murtosa, Ovar e Estarreja, que constituíam os varinos e os avieiros originários da Vieira de Leiria) percorriam essa costa até ao estuário do Tejo, aqui fixando-se por temporadas mais ou menos prolongadas.

Muitos subiram o rio vivendo nos próprios barcos ou instalando-se em povoações junto à borda-d’água, naquilo que seria terra de ninguém já que de vez enquanto era reclamada pelo rio.
Outros fixavam-se nas praias da Costa da Caparica e desde a torre de Belém até Paço de Arcos, paragens onde se podiam encontrar homens e mulheres destas tribos nómadas, que constituíam um tipo individual no nosso país.
Família de pescadores em Pedrouços - Marianne Baillie
Mulher de pescador de Paço de Arcos - Marianne Baillie
Marianne Baillie, uma jovem inglesa que residiu em Portugal entre 1821 e 1823, no seu álbum Costumes in Portugal: 1821-1823, deixou dois desenhos legendados retratando uma mulher e uma família de pescadores em Paço de Arcos e Pedrouços.
Pescadores de Ílhavo em Lisboa - Th. J. da Annunciação
Justamente na praia de Paço de Arcos, subjacente à velha igreja da Boa Viagem, Th. J. da Annunciação captou esta imagem, reproduzida em gravura por Pedroso, retratando dois ílhavos, cuja mulher destapa levemente a canastra onde dorme o seu pequeno rebento. (Archivo pittoresco, Volume 3, 1860).
Pescadores de Ílhavo – Coleção Palhares

Através da comparação com o quadro de Th. J. da Annunciação e a gravura de Pescadores de ílhavo da Coleção Palhares, podemos aferir que figuras retratadas por Marianne Baillie possuem a mesma origem, os varinos, primórdios da população de pescadores que se desenvolveu em Paço de Arcos.

Outros artigos relacionados: Os Avieiros; O Povo daBorda-d'água;

quinta-feira, outubro 01, 2015

Trajes de Festa – Nordeste Transmontano

Mulher:
Lenço de lã estampado com franjas
Camisa de linho
Colete/ Justilho de brocado de seda estampado
Faixa de Lã vermelha bordada em lã (dentro do colete) envolvendo o busto
Saiote de linho (enágua)
Saiote de baeta verde com fitas de veludo
Saia de fora em saragoça preta com fitas de veludo
Avental (Mandil) de seda lavrada com aplicação de veludo roxo
Sapatos pretos com fita de seda
Argolas de ouro
Colar de contas filigranadas de ouro com cruz

Homem:
Camisa de Linho
Colete (Jaleco) de Burel (Pardo) na cor natural da lã. Nas costas tecido de estopa.
Calção de alçapão (Pantalonas de alçapon) de Burel (Pardo) na cor natural da lã.
Meias de algodão
Botas de bezerro
Chapéu (Sombreiro) com fita de Seda

Fonte: Rui Magalhães

Outros artigos relacionados:
Trás-os-Montes - contextualização histórica e cultural; Caretos de Podence; Miranda do Douro; A Coroça; Trajo Feminino de Miranda doDouro; AS ALGIBEIRAS NO TRAJE POPULAR II; Capa de Honra de Miranda do Douro; Traje de Festa de Rio de Onor – Bragança; Trajes Femininos de ir á missa -Nordeste Transmontano;