domingo, fevereiro 08, 2015

O OURO POPULAR PORTUGUÊS V


CORRENTES DE RELÓGIO

Pode parecer um pouco a despropósito incluir estas peças nesta série sobre o Ouro Popular Português. Não o é de facto, pois era quase generalizado nos homens o desejo de adquirir um relógio de ouro ou prata, à medida da sua condição económica e social.
Tal como agora o homem estica o braço, colocando na direção dos olhares o seu relógio de pulso, assim antigamente se procedia ao passear com uma ou ambas as mãos nos bolsos para mostrar a corrente de relógio. Ao tirar o relógio, tudo era acompanhado por gestos muitas vezes estudados ao espelho. Serviam muitas das vezes para mostrar à sua pretendente o seu “status”.
Os relógios de bolso foram os primeiros relógios utilizados. O primeiro, denominado pela forma, tamanho e procedência, de Ovo de Nuremberga foi fabricado por Peter Henlein, por volta de 1504.
Eram muito raros e tidos como verdadeiras joias, pois poucos tinham um. Os relógios de bolso eram símbolo da alta aristocracia.
No entanto, nos finais do sec. XIX e início do sec.XX estes já se encontravam amplamente difundidos, embora não fosse acessível a todas as classes sociais.
No dia-a-dia do homem do povo o sol servia-lhe de orientação, ajustado muitas vezes pelo repicar do campanário, no entanto, possuir um relógio de bolso era uma ambição e símbolo de prestígio social.
Normalmente, além do relógio e se havia dinheiro para tal, comprava-se uma corrente de prata, raramente de ouro, mas quando tal não era possível, o engenho fazia o resto. Existiam correntes de crina de cavalo, madeira, ou utilizavam uma pequena bolsa colorida (com ou sem berloques) feita em crochet de linha fina pelas mãos prendadas das mulheres da casa.
De seguida ficam alguns exemplos de correntes de relógio, destacando as duas primeiras, provenientes das Casa Real Portuguesa e pertencentes à coleção do Palácio Nacional da Ajuda, pela sua simplicidade, pois uma é de couro e a outra de metal pintado.


Correia para suspensão de relógio em couro preto entrançado. Na extremidade superior apresenta um travessão no mesmo material rematado por dois pequenos bolbos nas pontas (um omisso) e uma chave de relógio suspensa. Na extremidade inferior é rematada por um mosquetão.
Datação: Século XIX (2.ª met.); Coleção do Palácio Nacional da Ajuda - transferência da Casa Real.

Corrente de elos ovais para suspensão de relógio em metal pintado. Na extremidade superior apresenta um travessão e na inferior um mosquetão.
Datação: Século XIX (2.ª met.); Coleção do Palácio Nacional da Ajuda - transferência da Casa Real

Corrente de relógio em prata, composta de dois elementos, suspensos de um travessão cilíndrico liso. Na corrente de menor dimensão, apresenta enfiada, uma moeda cunhada em prata, apresentando as seguintes inscrições: No verso "50 REIS", ao centro da coroa de louros; no reverso, no campo, coroa real sobre a data "1889" envolta por três estrelas e a inscrição: "LUDUVICUS.I.PORT. ET ALG : REX.:" Na extremidade da corrente de maior dimensão, simplesmente um fecho de mola, móvel, (que serviria para pendurar o relógio).
Autor: Vicente Gonçalves Pereira (Gondomar); Datação: 1935-1940
Pertence à coleção do Museu de Arte Popular e supõe-se ter feito parte da Exposição do Mundo Português.

Outros exemplos de correntes de relógio.










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