segunda-feira, dezembro 28, 2015

Namoro ao Casamento

Do Namoro ao Casamento foi uma representação etnográfican apresentada pelo Rancho Folclórico do Bairro de Santarém, Graínho e Fontainhas, retratando costumes de outros tempos.

quinta-feira, dezembro 10, 2015

Da Matéria aos Usos: Malhas de Lã da Póvoa de Varzim

No Museu Nacional de Etnologia foi inaugurada no passado dia 5 de Dezembro uma pequena mostra chamada «Da Matéria aos Usos: Malhas de Lã da Póvoa de Varzim».
 

Realizada no âmbito do workshop Malhas da Pesca, esta mostra dá a conhecer a tecnologia têxtil relacionada com o ciclo da lã e uma seleção de peças de vestuário, relativas à confeção de malhas de lã na comunidade piscatória da Póvoa de Varzim, nomeadamente as afamadas camisolas, bem como, um modelo de pescador da coleção criada por Thomas de Mello e da Dalila Braga.

Situadas no cruzamento dos dois setores mais expressivos das práticas produtivas tradicionais em Portugal, o da atividade agro-pastoril e o da atividade piscatória, estas peças são também testemunhos da função identitária do traje regional. É o caso da camisola do pescador da Póvoa, caída em desuso em finais do séc. XIX, recuperada na década de 1930 como símbolo da cultura poveira, no âmbito de processos de recriação “etnográfica” e de promoção folclórica, e cuja produção subsiste hoje principalmente em função do mercado turístico.
 
Para além das peças de vestuário e de tecnologia têxtil, provenientes das coleções do Museu Nacional de Etnologia e do Museu de Arte Popular, a mostra é complementada com alguns exemplares da vasta documentação fotográfica produzida entre as décadas de 1940 e 1980 pelo Centro de Estudos de Etnologia sobre a produção têxtil em Portugal.

quarta-feira, novembro 25, 2015

COLÓQUIO SOBRE O TRAJAR – GERALDES

No passado dia 21 de Novembro realizou-se em Geraldes (Peniche) um animado colóquio sobre “O Trajar” organizado pelo Rancho Folclórico de Geraldes.
A par do colóquio foi possível admirar uma pequena, mas abrangente, exposição de um conjunto de trajes do grupo, do qual destaco, por gosto pessoal, o vestuário infantil.
A mesa foi constituída por Ricardo Gomes (coordenador do Rancho Folclórico de Geraldes), José Vaz (CTR da Alta Estremadura) e Maria Emília Francisco.
Maria Emília Francisco, José Vaz e Ricardo Gomes
José Vaz efetuou um resumo histórico da criação da Federação do Folclore Português, a sua estrutura orgânica e o papel dos Conselhos Técnicos Regionais (CTR) no apoio ao trabalho desenvolvido pelos ranchos folclóricos.
Ricardo Gomes retratou a importância geográfica, social e económica do Concelho de Peniche. Abordou ainda temas como a migração de povos de regiões próximas e longínquas, as trocas comerciais entre Lisboa, Peniche e Caldas da Rainha, e a importância do Círio da Merceana.
Maria Emília Francisco começou por apresentar alguns conceitos sobre folclore, a missão dos grupos folclóricos e a importância da qualidade da representação.
Quanto ao traje, considerou-o o bilhete de identidade do seu portador, já que o identifica no espaço socioeconómico da época em que viveu.
Realçou o trabalho de recolha, chamando a atenção para as recolhas fotográficas e o cuidado a ter na sua análise.
Abordou ainda outras temáticas, como a caracterização do traje relativamente à função, os materiais utilizados e a forma correta de representação do traje, propondo a eliminação das alterações introduzidas a gosto moderno.
O estudo do folclore deve estar integrado com outras ciências, nomeadamente, a história, a geografia, a sociologia, a antropologia, etc., já que este é um museu vivo de partilha de saberes.
A grande participação do público no período de questões demonstrou o interesse do tema escolhido pela organização.
Bem hajam!




 

quinta-feira, novembro 19, 2015

terça-feira, novembro 17, 2015

MANEIRAS DE USAR O LENÇO NA NAZARÉ

Com a colaboração do João Pedro Guardado publico um conjunto de fotografias exemplificativas das diversas formas de usar o lenço (cachené) na Nazaré.
Como podem observar, estas maneiras de atar o lenço são comuns à região limítrofe e a outras, embora existam trejeitos locais fruto da necessidade ou gosto das mulheres.
O importante é perceber que a cada uma destas formas de amarrar o lenço corresponde um momento próprio, quer no trabalho diário na praia ou venda do pescado, quer nos dias de festa e devoção, e é fácil perceber essa diferença, basta uma análise atenta das imagens.










sexta-feira, novembro 06, 2015

O Gabão Bairradino - Águeda

O gabão é uma remota vestimenta, presumivelmente oriunda dos varinos de raça pelasgia (do norte da Grécia) que vieram fundar povoados à foz do Vouga e que foi conhecida e usada pelos romanos como o comprova o facto de se encontrar esculpida na Coluna do Trajano em Roma, no ano 112 da nossa era – uma figura vestida com um manto especial a que não falta capuz e parece ter romeira.

O Gabão – mistura feliz de veste monástica e de traje civil medieval, a capa com mangas e capuz, usada durante toda a Idade Média em todos os países da Europa e também em Portugal.

É uma peça de grande carácter que durante muitos longos anos foi usada por pobres remediados. Nasceu na Ria de Aveiro, na terra dos varinos, isto é, na terra das gentes da beira mar.

O Gabão é uma capa bastante ampla e rodada, descendo quase até aos tornozelos, com farta romeira ou cabeção curto e recortado, mangas largas e capuz em bico. É aberto à frente de alto a baixo, é aconchegado ao pescoço por um colchete terminando por uma cadeia, ou por um alamar, ambos em metal ou às vezes de prata.

Pode apresentar-se forrado de castorina, beata ou mesmo seda. De cor castanha, feito de surrobeco ou burel ( o gabão de trabalho) é o mais característico das gentes do bairro piscatório da beira-mar em Aveiro ou dos trabalhadores de toda a Bairrada.

De cor preta feito em boa fazenda de lã acetinada ou merino ( o gabão dos ricos) era usado pelos janotas de todas as regiões, onde constituía um elegante agasalho. Entre os habitantes que viviam nas cercanias da Ria de Aveiro se conta o "Aguedense" mais barqueiro do que pescador e mais agricultor que barqueiro, mas em todos eles o traje é muito semelhante: - os homens usam o gabão comprido até aos pés com mangas e capuz, peça de grande caracter que tendo irradiado da região da Ria para todo o país, teve extraordinária difusão, cerca do ano de 1900.

segunda-feira, novembro 02, 2015

TRAJE DE FESTA E DE COTIO – TRÁS-OS-MONTES


Traje de Festa
Lenço de lã estampado com franjas
Camisa de linho
Colete/ Justilho de brocado de seda preto
Faixa de Lã vermelha (dentro do colete) envolvendo o busto
Saiote de linho (enáguas)
Saia (Saiote) de baeta rosa escuro com fitas de veludo
Sapatos pretos
Brincos de ouro – Brincos de Fuso
Colar de contas filigranadas de ouro com cruz de ouro

 
Traje de Cotio (uso cotidiano)
Lenço de lã estampado
Camisa de linho
Colete/Justilho de linho
Faixa de Lã vermelha (dentro do colete) envolvendo o busto
Saiote de linho (enáguas)
Saiote amarelo de baeta com bordados em lã
Saia de fora de pano de lã preta
Avental (Mandil) de burel castanho
Meias de lã
Botas de pele de borrego
Colar de contas de azeviche preto

Fonte: Rui Magalhães

Outros artigos relacionados:
Trás-os-Montes - contextualização histórica e cultural; Caretos de Podence; Miranda do Douro; A Coroça; Trajo Feminino de Miranda doDouro; AS ALGIBEIRAS NO TRAJE POPULAR II; Capa de Honra de Miranda do Douro; Traje de Festa de Rio de Onor – Bragança; Trajes Femininos de ir á missa -Nordeste Transmontano; Trajes de Festa – Nordeste Transmontano; Saiote(Saia de dentro ou Saia exterior em ocasiões festivas) – Trás-os-Montes

quinta-feira, outubro 29, 2015

Saiote (Saia de dentro ou Saia exterior em ocasiões festivas) – Trás-os-Montes

O saiote constituía uma das peças do trajar da mulher de Trás-os-Montes. É diferente do que geralmente se conhece como saiote, ou seja uma saia branca interior de linho ou algodão. A essa peça dá-se o nome em Trás-os-Montes de “Enágua” que é uma saia interior branca, de linho, ou então a parte baixa das camisas de linho femininas que antigamente chegavam ao joelho ou inclusive mais abaixo.
O saiote propriamente dito é uma saia igual à saia exterior, a diferença está em que o dito saiote era sempre de cores garridas (vermelho, azul, verde, amarelo, laranja etc..) e costumava ser exibido como saia de fora pelas raparigas jovens principalmente em ocasiões festivas.
De lã grossa, costumava ser feito de baeta ou burel tingido em casa e era engalanado, quando servia para um dia de festa, com fitas de veludo, saragoça preta picada (picado) ou bordados de lã.
Era usada todo o ano, fosse inverno ou verão e uma das suas funções seria a de realçar e aumentar as ancas femininas, padrão de beleza na época. Uma mulher com posses usava além da enágua um, dois ou até mais saiotes de lã. Por cima destes a saia de fora, de saragoça, estamenha ou burel geralmente de cores mais escuras (preto ou roxo).
 
Fonte: Rui Magalhães

Outros artigos relacionados:

domingo, outubro 25, 2015

CAPUCHA DE CASTRO D’AIRE – BEIRA ALTA

Já neste blog publiquei alguns artigos sobre a capucha. Trata-se de uma peça de vestuário para agasalho usada tanto por mulheres como por homens das serranias deste a Beira Baixa a Trás-os-Montes e Minho.
Recentemente juntei à minha coleção esta capucha oriunda das fragas da Serra de Montemuro, concretamente do concelho de Castro D’Aire (atualmente escreve-se Castro Daire), confecionada em burel no início do sec. XX.
Trata-se de uma peça robusta, usada e muito, sendo visível o desgaste da sua utilização recorrente nas tarefas do dia-a-dia, a que se soma a idade e exposição aos elementos a que esteve sujeita. É precisamente essa robustez que lhe conferiu a longevidade e permitiu que chegasse aos nossos dias.
A diferença desta capucha as demais existentes na região é o capelo de forma triangular (p.ex. o da Serra do Caramulo é circular). Neste caso o desgaste do habitual transporte de cargas à cabeça provocou um orifício de cerca de 3 cm de diâmetro, no entanto, para prolongar a vida da capucha, a proprietária cozeu à mão um pedaço de burel do avesso do capelo.
Ficam de seguida as imagens, que valem mais que mil palavras.



Capelo do avesso

Dimensões da capucha

Dimensões do capelo
Outros artigos relacionados:
Capucha do Caramulo; A Capucha; Capucha – Beira Interior; BeiraInterior; Costumes do Minho: Mulher de Castro Laboreiro e o Jangadeiro;

sábado, outubro 17, 2015

Traje de trabalho da Nazaré

A pesquisa e reconstituição dos nossos trajes regionais é uma atividade que tem cativado cada vez mais pessoas, muitos deles jovens.

É o trabalho de um destes jovens que aqui mostro.
João Pedro Guardado, um jovem nazareno de 22 anos, tem o prazer de não só recolher peças antigas como também de recriar velhos modelos.

As imagens seguintes recriam um trajo de trabalho feminino nazareno, misturado peças originais com recriações numa simbiose perfeita e de elevado interesse etnográfico.
Bem hajas João Pedro!







sexta-feira, outubro 09, 2015

MORANGEIRAS NO MERCADO DO PORTO

Enaltecendo as esbeltas e airosas mulheres do Minho que vendiam os famosos morangos do Porto, o semanário ilustrado Archivo Pittoresco (1857-1868), em 1861, publica um artigo em que faz diversas alusões à riqueza do trajar das mulheres dessa região.

Considerando as características do texto, preferi publicá-lo na sua forma original, já que ao transcreve-lo para português atual iria perder certamente muita da sua informação.

A imagem é baseada num desenho de Nogueira da Silva

quarta-feira, outubro 07, 2015

PEIXE ÀS DUAS de Fernando Ybarra





PEIXE ÁS DUAS do Nazareno Fernando Ybarra
Pequeno sketch teatral levado à cena pelo Grupo Etnográfico de Danças e Cantares da Nazaré no Centro Cultural da Nazaré

terça-feira, outubro 06, 2015

Nómadas do mar – representações pictográficas na praia de Paço de Arcos

Ao longo do sec. XIX e durante alguns meses da pesca, grande parte das povoações marítimas do norte de Portugal (Ílhavo, Murtosa, Ovar e Estarreja, que constituíam os varinos e os avieiros originários da Vieira de Leiria) percorriam essa costa até ao estuário do Tejo, aqui fixando-se por temporadas mais ou menos prolongadas.

Muitos subiram o rio vivendo nos próprios barcos ou instalando-se em povoações junto à borda-d’água, naquilo que seria terra de ninguém já que de vez enquanto era reclamada pelo rio.
Outros fixavam-se nas praias da Costa da Caparica e desde a torre de Belém até Paço de Arcos, paragens onde se podiam encontrar homens e mulheres destas tribos nómadas, que constituíam um tipo individual no nosso país.
Família de pescadores em Pedrouços - Marianne Baillie
Mulher de pescador de Paço de Arcos - Marianne Baillie
Marianne Baillie, uma jovem inglesa que residiu em Portugal entre 1821 e 1823, no seu álbum Costumes in Portugal: 1821-1823, deixou dois desenhos legendados retratando uma mulher e uma família de pescadores em Paço de Arcos e Pedrouços.
Pescadores de Ílhavo em Lisboa - Th. J. da Annunciação
Justamente na praia de Paço de Arcos, subjacente à velha igreja da Boa Viagem, Th. J. da Annunciação captou esta imagem, reproduzida em gravura por Pedroso, retratando dois ílhavos, cuja mulher destapa levemente a canastra onde dorme o seu pequeno rebento. (Archivo pittoresco, Volume 3, 1860).
Pescadores de Ílhavo – Coleção Palhares

Através da comparação com o quadro de Th. J. da Annunciação e a gravura de Pescadores de ílhavo da Coleção Palhares, podemos aferir que figuras retratadas por Marianne Baillie possuem a mesma origem, os varinos, primórdios da população de pescadores que se desenvolveu em Paço de Arcos.

Outros artigos relacionados: Os Avieiros; O Povo daBorda-d'água;

quinta-feira, outubro 01, 2015

Trajes de Festa – Nordeste Transmontano

Mulher:
Lenço de lã estampado com franjas
Camisa de linho
Colete/ Justilho de brocado de seda estampado
Faixa de Lã vermelha bordada em lã (dentro do colete) envolvendo o busto
Saiote de linho (enágua)
Saiote de baeta verde com fitas de veludo
Saia de fora em saragoça preta com fitas de veludo
Avental (Mandil) de seda lavrada com aplicação de veludo roxo
Sapatos pretos com fita de seda
Argolas de ouro
Colar de contas filigranadas de ouro com cruz

Homem:
Camisa de Linho
Colete (Jaleco) de Burel (Pardo) na cor natural da lã. Nas costas tecido de estopa.
Calção de alçapão (Pantalonas de alçapon) de Burel (Pardo) na cor natural da lã.
Meias de algodão
Botas de bezerro
Chapéu (Sombreiro) com fita de Seda

Fonte: Rui Magalhães

Outros artigos relacionados:
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segunda-feira, setembro 28, 2015

Trajes Femininos de ir á missa - Nordeste Transmontano


Traje de mulher abastada

Mantilha de Saragoça preta
Lenço de lã estampado com franjas
Camisa de linho
Colete/ Justilho de brocado de seda estampado
Faixa de Lã vermelha bordada em lã (dentro do colete) envolvendo o busto
Saiote de linho (enáguas)
Saiote de baeta verde com fitas de veludo
Saia de fora em saragoça preta com fitas de veludo
Avental (Mandil) de seda lavrada com aplicação de veludo roxo
Sapatos pretos
Argolas de ouro
Colar de contas filigranadas de ouro com cruz de ouro
 

Traje de mulher (com menos posses)

Lenço de lã estampada
Xaile de lã
Camisa de linho
Colete/Justilho de linho
Faixa de Lã vermelha (dentro do colete) envolvendo o busto
Saiote de linho (enáguas)
Saiote amarelo de baeta com bordados em lã
Saia de fora de burel verde sem ornamentos
Avental (Mandil) de burel castanho
Meias de lã
Botas de pele de borrego
Colar de contas de coral vermelho com cruz de prata

Fonte: Rui Magalhães

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Trás-os-Montes - contextualização histórica ecultural; Caretos de Podence; Miranda do Douro; A Coroça; Trajo Feminino deMiranda do Douro; AS ALGIBEIRAS NO TRAJE POPULAR II; Capa de Honra de Mirandado Douro; Traje deFesta de Rio de Onor – Bragança;