quinta-feira, junho 28, 2007

Condutor ou Roçador de Tojo - Alcochete

Este traje retrata uma profissão da região de Alcochete que existiu nos finais do século XVIII princípios do XIX.

Era usado pelo condutor ou Roçador de Tôjo procedia à limpeza dos matos e recolha da carqueja, ao mesmo tempo que caçava. O mato que abundava nos campos de Alcochete, que era depois transportado pelos barcos que atravessavam o estuário do rio Tejo, sendo utilizado no aquecimento dos fornos do pão que alimentavam Lisboa.

Usava calções e camisa branca, camisolão de malha, colete azul com botões de madeira, cinta vermelha, barrete vermelho debruado a castanho, meias de lã e plainas de cabedal que serviam para defender as pernas do Tojo.

quinta-feira, junho 21, 2007

Trajes de Romeiros de Braga – Baixo Minho

Traje Feminino de Sequeiro
(inicio sec.XX)
A designação deste traje provém da localidade de Sequeiro, onde as tecedeiras imprimiam um cunho muito particular nos tecidos dos aventais. São também muito singulares os chapéus com fitas, penas e o espelhinho, usados pelas raparigas desde o Rio Este, até perto de Vila do Conde.
A camisa de linho de corte tradicional, com decote e punhos guarnecidos com folho bordado. É bordada a ponto vermelho sobre o peito, ombros mangas e punhos. A saia à de tecido preto “baetilha” com ampla roda, franzida na cintura e decorada na barra com veludo e bordados de vidrilhos e fitas. Colete de rabos, vermelho, preto ou estampado com motivos florais, ajustado na frente com cordão. O avental pequeno de tecido de lã manual, decorado com motivos geométricos, orla guarnecida com uma tira de lã preta recortada. Usa uma algibeira de onde pende o lenço ricamente bordado. Na cabeça, lenço de tule branco bordado, com as pontas soltas, coberto por um chapelinho de feltro, guarnecido com fita preta de pontas pendentes atrás e pequeno espelho na frente. Calça meias rendadas de algodão branco e chinelas pretas. Sobre o peito, as tradicionais peças de ouro, fio de contas, cordões, cruzes, medalhas e nas orelhas pendem brincos “à rainha”.


Trajo do Homem (sec. XIX)
Camisa de linho com cós pequeno, apertada no peito, com carcela e peitilho decorado com bordados a ponto cruz vermelho, sublinhado a preto, tradicionalmente efectuados pela noiva, “conversada”. Sobre a linha da cintura era bordado o nome do rapaz ou a palavra “amizade”. A manga da camisa era comprida terminando com punho. Calça comprida ajustada na cintura com faixa vermelha para os solteiros ou preta no caso dos casados. Veste colete de fazenda de lã ou jaqueta de astracã preta com gola e alamares de prata, com bolsos e mangas debruados.
No pescoço lenço de “namorados” ou de “pedidos” de tecido branco de algodão, bordado com motivos florais, era revelador do comprometimento do rapaz para com a rapariga que o ofereceu. Sapatos de vitela revirada ou pretos.A indumentária do homem não estaria completa sem o chapéu, inseparável na protecção da cabeça e o pau, com a dupla função de arma de defesa ou de apoio para descanso.

segunda-feira, junho 18, 2007

Encontrão 2007


No passado fim-de-semana (16 e 17 de Junho) realizou-se o Encontrão 2007, na Aula Magna da Universidade de Lisboa.
Uma organização do INATEL que englobou a Festimúsica, Concurso Nacional de Música, a Teatrália, Concurso Nacional de Teatro, e a Final Nacional do Concurso Etnográfico Henrique Rabaço.
A Banda Filarmónica Simão da Veiga da Casa do Povo de Lavre foi a grande vencedora do Concurso Nacional de Música com o espectáculo “O Grande Livro da Fantasia”.
Do Concurso Nacional de Teatro saiu vencedora a Associação Desportiva Cultural de Subportela com o “Auto de S.João”.
O Concurso Henrique Rabaço foi bastante concorrido, com a presença de 17 grupos, que disputaram a final nacional com espectáculos de elevada qualidade etnográfica.
“Alma e Coração das Gentes da Beira Alta nas Romarias” foi o espectáculo apresentado pelo Grupo Cultural e Recreativo de Santo Amaro da Azurara, em representação do Distrito de Viseu, mereceu o 3º lugar.
O 2º lugar coube ao grupo Cantadeiras do Vale do Neiva, que apresentou “Carpir e Amentar as Almas”.
Representando o Distrito de Castelo Branco, o Rancho Folclórico da Boidobra arrebatou o 1º lugar do Concurso Henrique Rabaço.
O espectáculo “À Rebatina” retratou uma noite de Natal e o Cantar das Janeiras, passando pela Quaresma e terminando na Páscoa com as crianças à rebatina e os habituais bailes na aldeia da Boidobra, em princípios do séc.XX.
Este grupo tem tido um importante papel na preservação dos usos e costumes da região de Castelo Branco, tendo mesmo vencido este mesmo Concurso em 2005.
O Encontrão terminou com a apresentação dos vencedores dos três concursos, coroando mais uma bem sucedida organização do INATEL.

quarta-feira, junho 13, 2007

Traje de Festa da Batalha – Estremadura

Blusa de tecido de algodão cor-de-rosa, com cós e encaixe decorado no centro com fitas pretas aplicadas; frente com macho ao meio abotoada ao lado. Sobre a linha da cintura, cinto do mesmo tecido aplicado. Saia comprida de tecido de algodão estampado, com pequenos motivos florais, franzido na cintura, decorada na orla com refegos e fita preta aplicada.
Na cabeça, usa lenço de algodão com motivos policromados, atado na nuca, sob o chapéu janota, cuja aba é enfeitada com plumas.
Suspensa da cintura, surge uma algibeira de retalhos guarnecida com renda. Traz na mão uma saquinha de tecido estampado. Calça meias de algodão lisas e sapatos pretos.
Sobre o peito, usa cordão de ouro com medalha e brincos compridos nas orelhas.

segunda-feira, junho 04, 2007

Trajes de Gloria do Ribatejo

Encontrei recentemente o Rancho Folclórico “As Janeiras” de Glória do Ribatejo, que me fizeram o favor de descrever os seus singulares trajes do início do sec.xx.
Dna Rosário, começou por explicar-me que este não é um traje de festa, mas para ao domingo irem à praça procurar trabalho, servindo o mesmo à 2ª feira, quando se deslocavam para as herdades trabalhar.
Na impossibilidade de adquirirem tecidos mais vistosos as raparigas bordam e decoram as peças de vestuário conseguindo efeitos admiráveis. Este traje era confeccionado pelas mulheres para uso próprio, muitas vezes às escondidas, para que não houvesse outro igual, é um exemplo do engenho e da arte feminina.
Na cabeça usam um lenço de algodão arranjado de uma forma única, cruzado na nuca e atado no alto, onde se reúnem as pontas das costas, de forma a formar uma espécie de touca, sempre presos com alfinetes de cabeça preta.
A blusa, a que chamam casaco, é de manga comprida e confeccionada em gorgorina, sendo ricamente ornamentada com bordados, favos de mel e muitas preguinhas no peito (que necessitam de ser passajadas antes da lavagem, para que não se desmanchem). Aberto na frente, com abas, pode ter gola ou colarinho, conforme o gosto da mulher.
No peito, como sinal de compromisso, traziam a fotografia do namorado.
Na cintura, usam um cinto preto para adelgaçar a silhueta, a bolsa das moedas e um lenço bordado, para limpar as mãos do suar quando se dançava.
O avental era abundantemente bordado a ponto cruz, ou de tecido estampado. Quando usavam o dedal e a “melhadura” presa no avental, era sinal de que já tinham um compromisso com um patrão e que não poderiam aceitar outra oferta de trabalho.
A saia de cima era confeccionada em “chita aos olhos” ou em escocês e enfeitada a gosto. As saias de baixo (3) eram enfeitadas com bicos a condizer. O conjunto das saias e avental era apertado nas ancas por uma cinta, onde era bordado de forma visível o nome do namorado.
As mais abastadas usavam sapatos de carneira pretos (sem meias), enquanto que as demais traziam tamancos.
Como adorno, pendiam das orelhas, argolas “à moía”, chinesa ou brincos “à Coimbra”.
Como abafo punham sobre os ombros ou da cabeça, uma saia de castorinha.
Nos braços ou à cabeça, transportavam um saco, também ele feito e decorado a gosto, contendo a janta de 2ª feira, 1º dia de trabalho, já que os restantes mantimentos só chegavam às herdades mais tarde.



O traje do homem era também confeccionado pelas mulheres, era constituído por colete e calças pretas, barrete ou chapéu. Os homens que usavam chapéu, a quem chamavam “singualeiros”, eram detentores das suas próprias terras.
As camisas de riscado eram feita á mão e ornamentada a gosto.
Tal como a mulher, também o homem usava sinais exteriores do seu compromisso.
Desde logo, a bolsa do relógio, que usava no bolso do colete era feita pela namorada, bem como o “lenço dos amores” que usava preso à cinta. A cinta era preta, com bordado policromado a gosto, utilizando-se motivos naturais e florais.
Calçava sapatos de atanado pretos.