quarta-feira, abril 01, 2020

Deita Gatos


O que fazia o deita gatos?
Consertava louça quebrada por meio de gatos de arame.

 

Esta atividade ficou registada neste postal de um deita gatos de Lisboa (postal circulado em 1904, o nº4, da série "Typos das ruas" de Edição A.Martins).

Também Fernando Pessoa aludiu a esta atividade num bonito poema:


Ó rapaz que deita gatos,
Deitas gatos só em pratos,
Só em tachos e tigelas,
Ou deitas gatos também
Nas almas e no que há nelas
Que as quebra em mal e em bem?


Ah, se, por qualquer magia,
As tuas artes subissem
Àquela melhor mestria
De pôr gatos que se vissem
Nesta alma que se quebrou
No que sonho e no que sou!


Então...Qual então! Que tratos
Dei a um poema que surgiu!
Só consertas, só pões gatos
No inteiro que se partiu.
O que partido nasceu
Nem tu consertas nem eu.


Fernando Pessoa



Fonte: https://coleccionar-collectus.blogspot.com


domingo, novembro 03, 2019

MOSTRA DO TRAJE DE OEIRAS


A I Mostra do Traje de Oeiras decorrerá no próximo dia 23 de Novembro, pelas 17 horas, no salão da Sociedade de Instrução Musical de Porto Salvo (Oeiras) e serão apresentados quadros cénicos pelos vários grupos de folclore do Concelho de Oeiras, cujo tema principal será o Traje.
Contará ainda com a participação especial do grupo coral CRAMOL.

terça-feira, abril 09, 2019

sexta-feira, julho 06, 2018

Mostruário de brincos de ouro


A imagem retrata é um mostruário de brincos de ouro de fabrico nacional usados no início do sec.XX

sexta-feira, junho 29, 2018

Círio de Nª Srª da Vitória - Nazaré


O Círio de Nossa Senhora da Vitória celebra-se anualmente na Quinta-Feira da Ascensão e envolve toda a comunidade. Segundo a tradição ancestral, faz o percurso do Santuário de Nossa Senhora da Nazaré em direção à Capela de Nossa Senhora da Vitória, em Paredes (concelho de Alcobaça), evocando a pequena comunidade piscatória que aí residia e que, no século XVI, pelo avanço das areias do mar, se refugiou na Pederneira e Famalicão, atualmente pertencentes ao concelho da Nazaré.

Sendo o único que parte do Santuário da Nazaré, este círio é organizado de juiz em juiz, para prestar o reconhecimento pela proteção sagrada aos "homens do mar". O colorido dos trajes, a imponência dos cavalos, o ritmo da música, a genuinidade das loas, os acampamentos, os bailes e almoços no areal, transformam o Círio de Nossa Senhora da Vitória num dos maiores espetáculos da cultura nazarena que, através dos séculos, tem mobilizado as gentes locais para uma experiência cumpridora de um rigoroso ritual, onde a devoção serve de pretexto para a festa e o convívio popular.
 
 

As fotografias a preto e branco desta festividade religiosa são da autoria de Álvaro Laborinho e reportam-se a 1914. No terreiro do Sítio, e enquadrado pela fachada principal do Santuário de Nossa Senhora da Nazaré em que se evidenciam as torres sineiras, encontra-se um aglomerado de pessoas montadas em cavalos e burros ornamentados com mantas e flores. Um dos homens segura uma bandeira. Destaca-se o rapaz em primeiro plano, com um estandarte e usando traje de "anjo", capa e coroa florida. A maioria dos romeiros usa chapéu ou boné.



Este guião foi realizado para o Círio de 1959, por Irene Maurício, costureira com quem Lídio Maurício viria a casar. Ambos foram juízes nesse ano.
Fonte: Museu Dr. Joaquim Manso



Fiadeiras - Minho

Jovens fiadeiras da zona do Minho, Biel 1900

terça-feira, março 20, 2018

OS QUE A FOME ESCORRAÇA (EM FATO DOMINGUEIRO)


As convulsões políticas, económicas e sociais do final do sec.XIX e do sec.XX levaram milhões de portugueses à emigração, numa diáspora que os espalhou pelo mundo.

Um desses destinos foi o Havai (antigas ilhas Sandwich), onde em 1914 residiam 25 mil portugueses, sobretudo provenientes das ilhas dos Açores e Madeira, trabalhando arduamente nos campos de cana-de-açúcar, agricultura e comercio. Note-se, que o famosos ukelele, mais não é que o nosso cavaquinho levado madeirense João Fernandes e que terá difundido pelos nativos dessas ilhas do pacifico.

Em 1911, a revista Ilustração Portuguesa dá notícia da partida de um milhar de alentejanos oriundos das serranias de Serpa e que rumaram ao Havai, aliciados por engajadores com promessas do paraíso na terra.

Para o objeto deste blog interessa sobretudo a qualidade das imagens e a fonte etnográfica que estas representam, por mostrarem um povo que deixa para trás tudo o que possui (muito pouco) e conhece e parte ao desconhecido, carregando os parcos pertences mas envergando as suas melhores roupas. Na realidade, as imagens retratam homens, mulheres e crianças nos seus trajos domingueiros, como quem vai para uma festa, pois para a maioria, esta terá sido a 1ª e única viagem.

Fica o registo fotográfico.